sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

PARCERIA MUSICAL (J VICARI 2021)

    Ele aprendeu a tocar violão sozinho. Seu pai, tio, irmãos e primos tocavam. O violão ficava pendurado dentro do armário do quarto dos homens, em um arame dobrado tipo cabide. Volta e meia ele colocava-o em cima da cama e ficava tocando as cordas. Ficava olhando quando um deles estava tocando e depois tentava fazer a mesma coisa. Quando ele já colocava o violão na posição correta, quis aprender mais.

    Mas foi com a morte de John Lennon, que ele ouviu em um jornal da TV na manhã do dia 9 de dezembro de 1980, que a vontade se tornou realidade. Aquela notícia e as músicas que começaram a tocar novamente em todos os programas de TV e nas rádios, parecia estarem guardadas no fundo da sua mente e como fogos de artifício despertaram sua musicalidade. Ele já tinha escutado várias daquelas músicas antes dos 14 anos, pois seus irmãos e primos eram fãs dos Beatles. Ele ficava dentro dos carros do seu cunhado e primos, nos finais de semana que todos estavam em sua casa, ouvindo rádio e as fitas k7 que tinham dentro dos carros. Uma em especial era a fita Let it be dos Beatles que tinha dentro do Maverik azul de seu primo.

    A partir disso, ele começou a comprar as revistas Violão & Guitarra nas bancas de jornais e começou a aprender os acordes através das cifras. Sempre que tinha um trocado e, na capa da revista tinha foto de um dos Beatles ou alguns outros cantores de Rock como Elvis, Queem, Roling Stones, ele comprava. E assim aprendeu a tocar sozinho. Tentou ser mais profissional quando seu pai deixou ele entrar em uma escola de Ballet, onde o marido da professora de dança ensinava violão. Ali aprendeu sequências musicais, novos acordes, outras músicas e chegou a dar aula para os alunos mais novos, com menos de 10 anos de idade.

    Conheceu outras pessoas do bairro, que também sabiam tocar um pouco e chegou a participar de dois grupos. Um, formado com seu parceiro Tadeu, tinha o nome de Beijo sem boca e era composto por 5 integrantes, e ele era o único branco. Ele dizia que era um grupo café com leite. Chegaram a fazer uma seção de gravações em um estúdio, em fita de ¼”. Mas não havia letras nas músicas, apenas improvisações. Chegaram também a tocar em alguns palcos que eram montados em bairros pela cidade de São Paulo. Mas como ninguém era profissional, ficou sempre na improvisação e acabou logo. Mas a parceria entre ele e seu amigo continuou por mais um tempo. Mas como toda boa parceira, um dia ela também chega ao fim.

    Depois junto com uma amiga de sua irmã, que tinha uns amigos que também tocavam alguma coisa, resolveram montar um grupo. Começou com reuniões na casa dela, tocando músicas dos outros. Ele nunca gostou de tocar música dos outros. Ele já tinha várias letras escritas, algumas já estavam prontas e mostrou para sua amiga. Ela gostou e no quarto dela gravaram algumas amostras em fita k7. Daí o grupo se formou. O nome inicial era Nhaca! O nome já dizia qual era o estilo musical, pura irreverência. Essa parceria rendeu várias músicas interessantes. Chegaram a gravar duas demos no estúdio Gravodisc da Gravadora Continental/Chantecler em São Paulo, onde ele trabalhou por 5 anos como assistente de estúdio. Fizeram várias apresentações em alguns bares, festas particulares e até em desfile de moda. Ensaiavam semanalmente, criavam novas músicas sempre. Mas como toda boa parceira, essa também acabou. E depois disso ele fez suas músicas e gravou mais de 100 músicas sozinho. Essa inspiração ele teve em Paul McCartney, que tinha dois discos tocando todos os instrumentos. As músicas estão em um site chamado Palco Mp3. Poucos conhecem. Mas as parcerias fizeram bem a ele. E hoje, ele escreveu sobre suas parcerias.

CICLO DE VIDA (J VICARI 2021)

    Quando vamos para a escola e começamos a formar ideias e pensamentos, começamos a pensar que um dia vamos ser ricos, que não vamos precisar trabalhar para ter tudo. Tudo vai cair nas nossas mãos! Doce ilusão!

    Depois ficamos observando os adultos da família se reunirem nos finais de semana para conversarem sobre vários assuntos até o fim da tarde quando vão embora. Nada que tenha nosso interesse.

    Eu imaginava que o meu futuro seria muito mais do que ser rico. Eu queria ser conhecido por todo mundo. Até li um livro sobre como devemos pensar para que as coisas aconteçam na nossa vida. Antes de dormir, eu ficava pensando naqueles métodos que estavam no livro, de formular as palavras e os pensamentos de tal forma que todo o universo agiria a meu favor. Até hoje não funcionou!

    Quando saímos da escola e começamos a trabalhar, percebemos que aquelas conversas da família, falavam sobre as dificuldades de ser adulto, de ser um provedor da família, cuidar dos filhos, casa, carro, etc. E as coisas vão se tornando cada vez mais difíceis para quem não absorveu os conselhos dos pais, tios, irmão e amigos. Quem escolheu deixar os estudos e apenas trabalhar para ter tudo, deu com a cara em diversas portas de empresas tentando conseguir um bom emprego. Raríssimas foram as pessoas que conseguiram um lugar ao sol e se mantiveram assim. Não é fácil.

    Quando formamos família começamos a sentir falta e daquelas conversas semanais dos adultos. Descobrimos e começamos a sentir na pele o que os nossos pais sentiam quando nós éramos contra tudo o que eles tentavam nos explicar. E ai a família vai envelhecendo, os pais e tios vão morrendo, os almoços começam a se tornarem raros, até que não acontecem mais.

    Ai percebemos que o que criticávamos agora é criticado pelos nossos filhos. Assim como fazíamos. Começamos a perceber que já não somos mais os guardiões da família e que também seremos descartados, esquecidos. Ninguém mais vai se reunir nos finais de semana, aniversários, páscoa, natal e ano novo. Começamos a achar que já estamos perturbando mais do que alegrando ou ajudando, seja ao vivo, por telefone, chamada de vídeo, etc., mas estas formas também acontecerão de vez em quando, até não acontecer mais. E depois, só haverá lembranças após a nossa morte e, em pouco tempo, só através das fotografias, se elas não forem deletadas!

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

De onde eu vim!

Essa história é a mais importante do mundo. Não só nós, descendentes de Italianos, mas para todos os povos que, em algum momento, deixaram seu lugar em busca de uma lugar e de uma vida melhor. Tenho orgulho de onde nasci (SP) e de onde eu vim (Itália) pelo sangue.

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Julio Vicari - Cabeça de fax