Fazemos
escolhas todos os dias.
Escolhemos
a melhor hora de levantar mesmo tendo horário para chegar no
trabalho.
Escolhemos
o que iremos comer no café da manhã mesmo que todo dia só tenha
pão, manteiga, café e leite. E só com isso, todos os dias são
diferentes na quantidade de açúcar, de manteiga, de goles e
mastigadas que damos até terminar o café e o pão.
Escolhemos
se na hora que estamos tomando banho, começaremos a nos lavar pelos
cabelos, pelas pernas, pelos braços. Mesmo que todo nosso cérebro
já esteja acostumado com essa rotina, os movimentos, a força, a
quantidade de água é diferente. A quantidade de água que teremos
que enxugar em nosso corpo nunca será a mesma.
Escolhemos
a roupa que usaremos mesmo que na empresa onde trabalhamos seja
necessário usar uniforme. As roupas a cada dia, depois de serem
lavadas ou não, já são diferentes. O perfume, o desodorante, a
forma de pentear os cabelos, tornam-se mais complexos: conforme a
evaporação do álcool, a nossa transpiração e o crescimento dos
fios, respectivamente.
Na rua,
escolhemos onde pisar, que depende muito do que pode ter no chão –
pedras, água, chiclete, cocô.
Se
utilizamos transporte público, esses sim, todos os dias serão
completamente diferentes, pelas pessoas que ali se encontram, que já
são diferentes em todos os aspectos antes mencionados.
Escolhemos
a hora comer, o que iremos comer, quanto iremos comer.
Escolhemos
a hora de voltar para casa, mesmo tendo horário fixo de saída do
trabalho, pois nunca saímos na mesma hora, minutos e segundos, pois
não acredito que exista exatidão orgânica.
Escolhemos
como iremos dormir, com que roupa iremos dormir e muitas vezes até
com quem iremos dormir.
Tudo na
vida é uma escolha.
Escolhemos
o que queremos ser, no que queremos trabalhar, onde iremos morar,
quando iremos viajar.
Só não
escolhemos o amor. Esse, do seu jeito, nos invade sem permissão, sem
hora, esteja chovendo ou não, com poucas opções no café da manhã,
com muita gente no ônibus, dentro ou fora do horário de trabalho,
durante o dia ou a noite. Até em sonho.
Não
escolhemos a quem amar. Simplesmente amamos. E amar é diferente
todos só dias. Pode conter mais amor, menos amor, outra forma de
amor. Ficamos com uma pessoa por pouco tempo, por médio tempo ou por
muito tempo, sem saber exatamente quanto tempo é pouco, médio ou
muito. Simplesmente, todos os dias, seremos diferentes no amor.
Felizmente
seremos diferentes mesmo que achemos que todos os dias são iguais e
que nos levam a tal rotina da vida.
Foto: JVicari 2013
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